Hoje vou invadir esse espaço. Eu, Fernanda Giotto Serpa, fui convidada pelos meus irmãos de coração, Tati e Dani, a escrever um texto sobre a minha mais recente viagem.
Não viajei tanto quanto eles na vida (ainda), mas neste texto vou contar um pouco da minha experiência em viajar sozinha. Não fui muito longe, não. Fui logo ali, em Minas Gerais.
A decisão de viajar sozinha não foi algo premeditado. Quando tirei férias da faculdade e do trabalho decidi que não passaria meus dias em casa vendo o tempo passar.
Comecei pensando em quais lugares eu gostaria de visitar e que caberiam no meu orçamento. Minas Gerais sempre me encantou pela história, arquitetura e gastronomia, sendo que eu ainda tinha amigos por lá.
Rapidamente, decidi que lá seria o lugar perfeito para aproveitar meus 10 dias de férias e passei a convidar algumas pessoas para embarcarem nessa comigo. Convidei meu irmão, pais, amigas, mas ninguém tinha tempo ou condições de comprar esta ideia.
Fiquei por alguns dias remoendo meus convites negados, pensando em quem eu poderia convidar ou se adiaria a ideia para outra data que alguém pudesse ir comigo. Até que me questionei: e por que não viajar sozinha?
Eu sabia que em Belo Horizonte teria ajuda de alguns amigos e em Ouro Preto e Tiradentes, deixaria as coisas acontecerem, sem nervosismo ou ansiedade.
Até porque, estando no Brasil, tudo seria mais fácil se comparado com viagens para o exterior. Negócio feito: passagens compradas! E assim, viajei.
Descobri que viajar sozinha é uma busca constante para estar bem e plena consigo mesmo. A tarefa é bem mais difícil do que parece.
Acredito que algumas pessoas estejam mais preparadas do que outras para isso – levando em consideração o estilo de vida que adotam.
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Eu, por exemplo, estou num meio termo. Sou muito ligada à minha família e amigos, adoro rir e conversar alto o tempo todo.
Por outro lado, preciso também dos meus momentos de silêncio e solidão, aprecio a minha própria companhia com uma boa música, um bom livro, uma boa cerveja e vinho. Ir ao cinema ou almoçar sozinha nunca foi um problema para mim.
Eu gosto de me sentir autossuficiente e ficar a sós com as minhas próprias caraminholas de vez em quando.
Porém, preciso confessar que a solidão nem sempre foi bem-vinda durante a viagem, pois a vontade de compartilhar tudo aquilo que eu estava vivendo com outra pessoa era intensa.
Eu queria dividir risadas, sentar com alguém à mesa, tirar fotos engraçadas, ter alguém para me forçar a acordar mais cedo, comentar as coisas bobas que eu observava nas minhas caminhadas sem rumo.
Mas ali, principalmente em Ouro Preto e Tiradentes, eu sabia que teria que me virar sozinha e cada vez que uma pontinha de tristeza começava a bater eu colocava ela para escanteio e aproveitava as coisas incríveis que eu sabia que as cidades tinham a me oferecer.
Por isso, não me privei de nada e escolhi os restaurantes mais legais – saía de um e entrava em outro-, bebi todas as cervejas que tive vontade, almocei sempre com calma, saboreando cada prato que experimentava, saí para jantar, busquei festas (essa missão falhou, mas explicarei no próximo texto).
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Conversei com estranhos, segui as músicas que escutava pelos bares, visitei e revisitei os lugares que mais gostei. Passei horas sentada na Praça Tiradentes em Ouro Preto com meu iPod a tira colo só observando tudo o que acontecia a volta e aproveitando também para buscar os ângulos mais legais com a minha câmera.
Sem pressa, sem qualquer cobrança, apenas fazendo aquilo que eu queria no momento.
Nestas horas bastava minha câmera, meus fones de ouvido com uma boa música e o simples passar do tempo.
O silêncio coloca a gente para pensar e refletir, coloca-nos para analisar as coisas mais insignificantes, que no barulho das conversas do dia a dia não nos damos conta.
O silêncio nos ajuda a nos conhecer melhor, a entender o que gostamos e o que queremos e reforça também aquilo que mais precisamos.
Sim, eu estava com saudade de todos, estava com saudade das pessoas que me faziam bem, porque eu gosto de calor humano. Mas ali eu descobri que também estava com saudade de mim mesma e que eu precisava daqueles momentos.
E sempre que eu sentia necessidade de falar com alguém e não encontrava nenhuma boa alma tão perdida quanto eu ao meu redor, o maravilhoso mundo da tecnologia estava ali ao meu dispor, na palma da mão.
Nada que mensagens de WhatsApp trocadas com meus pais, irmãos e amigos não resolvessem, ou mesmo uma rápida chamada de vídeo para me sentir melhor e até uma rápida olhada no Facebook e Instagram para me aproximar da minha vida no Sul. E, dessa forma, eu já não me sentia deslocada no meio das pessoas.
Eu já estava há algum tempo buscando viver a partir do puro e simples otimismo. Essa viagem só reforçou esse pensamento na minha vida.
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Aprendi que devemos levar a vida de maneira leve, que as preocupações existem, sim, mas não podemos deixá-las tomar conta do nosso dia a dia. Devemos fazer as coisas pelo nosso próprio bem, sem medo de arrependimentos e aproveitar as oportunidades.
Nossa vida é permeada de coisas boas e ruins, mas só cabe a nós saber lidar com elas e valorizar muito mais as boas, saber pesar na balança aquilo que realmente importa.
Sim, como vocês podem perceber pelo texto estilo “auto-ajuda” (foi mal), voltei renovada desta viagem.
Por isso, não tenham receio. Viajem sozinhos. Escolham sua playlist, preparem sua câmera e uma pequena mala e conheçam o que o mundo pode oferecer, mas, principalmente, passem também a se conhecer e entender o que existe dentro de cada pedaço de você.
Não precisa ir longe, não precisa apenas sonhar com destinos mirabolantes, sua melhor viagem pode estar bem mais perto do que você pensa.
Fica a música para inspirar estes leitores, porque, como diz a letra, são em tempos assim que aprendemos a viver, a se entregar e amar novamente.
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