Se você sempre quis pegar a estrada com uma mochila nas costas com saco de dormir e barraca mas nunca teve coragem ou não sabe como essa experiência vai se sair, não se preocupe. Nós, como bons marinheiros de primeira viagem, também tínhamos receios e dúvidas, mas no final de nossa primeira viagem de trilha, saímos com um gostinho de quero mais.
Dos 7 aos 16 anos eu fiz parte de um grupo escoteiro, então acampar já era comum para mim, embora as condições na Islândia – lugar que escolhemos para a primeira trilha – sejam um pouco diferentes das que encontramos no Brasil.
Nós fomos pra terra do gelo e do fogo com mais dois amigos e, como teste para a viagem, combinamos um acampamento-teste para ter uma noção de como seria. Fizemos um dia de trilhas em Essen, cidade que fica próxima de Colônia e de Dusseldorf. Foram 19 km de caminhada em condições não tão parecidas com as que iríamos enfrentar na Islândia: 15°C, 20°C (raridade por lá) e um terreno praticamente sem inclinações.
Acontece que no camping a temperatura baixou demais durante a noite e caiu para algo em torno dos 3°C e a noite foi gelada que só. Ali, tivemos nossa primeira lição: antes de sua primeira viagem de trilha, faça um teste para garantir que tudo está dentro dos conformes e que você não vai sentir falta de nada.
No nosso caso, resolvemos comprar uma lona extra para a barraca para melhorar ainda mais o isolamento térmico durante a noite, uma vez que o frio nos pegou desprevenidos no teste que fizemos. Outros detalhes passaram despercebidos até a viagem, mas nada grave faltou na mala no final das contas.
A nossa mochila ficou completinha, mas o problema foi que não testamos todas as nossas meias para fazer as trilhas, por exemplo. Por serem finas, os nossos pés “sambavam” dentro da botina, o que provocava muito atrito com a pele e algumas bolhas surgiram no final da viagem. Segunda lição: teste TUDO o que você for usar na viagem.
Outra coisa na qual se deve prestar atenção é no peso que você carrega. Se você faz questão de espaço e conforto, ótimo. Mas saiba que uma barraca maior vai, invariavelmente, ter um peso maior para as suas costas, por exemplo.
O mesmo vale para os utensílios de cozinha. Alguns campings possuem uma cabana para cozinhar ou até cantina. Provavelmente você vai pagar preços absurdos por uma refeição mais ou menos e no meio do nada, mas se essa for sua primeira viagem e você ainda não tiver certeza de que fazer trilhas é mesmo a sua praia, bote na balança (literalmente) se todos os apetrechos de cozinha não serão muito pesados e até um investimento muito caro por algo que você vai acabar não utilizando no futuro. Terceira lição: encontre o equilíbrio entre espaço e conforto.
Depois de um dia inteiro caminhando e explorando novos caminhos, você vai precisar de um bom descanso. Afinal, tem mais no dia seguinte. Certo? Eu defendo a teoria de que uma noite bem dormida resolve metade dos problemas do mundo e nisso eu investiria mais.
Na minha opinião, sob hipótese alguma você pode estar desconfortável na hora mais esperada do dia depois de uma longa caminhada. Nunca é demais levar roupas extras para dormir – no meu caso, eu usava calça, meias, blusa de lã, toca e cachecol, além de uma coberta me enrolando dentro do saco de dormir. Não tava bonito, é verdade, mal dava pra ver meu olho, mas enfim… Quarta lição: tome precauções contra o frio.
Além disso, optamos por comprar um saco de dormir um pouco mais caro, mas que era mais compacto. Até começar a planejar essa viagem, não fazia ideia de que os sacos de dormir possuem vários níveis de temperatura. Se você tiver com planos de ir para um lugar de frio, existem alguns sacos preparados para temperaturas bem baixas e você pode escolher de acordo com a escala de frio (-5°C até 10°C; 5°C até 15°C, etc). O mesmo vale para lugares quentes: escolha um saco mais fino e indicado para temperaturas mais agradáveis.
É importante ter o essencial para estar confortável, mas também é preciso cuidar para acabar não exagerando nos apetrechos e ter uma mochila difícil de carregar. Essa balança entre espaço e conforto é um fator decisivo para uma viagem bem sucedida, embora difícil de acertar.
Em relação ao planejamento das rotas, tente obter o máximo de informações possível sobre os níveis de dificuldade das trilhas, distância e relevo, além dos locais onde você deve passar a noite. Não é preciso escolher um nível fácil só porque é a sua primeira aventura, basta você estar ciente do que vai enfrentar e ter treinado propriamente para isso.
Além disso, certifique-se de que as rotas que você quer fazer estão abertas. Pode não parecer, mas por algum motivo ou outro, alguns caminhos podem ser fechados por questões de segurança quando o clima não está favorável. Quinta lição: se prepare para suas caminhadas.
Por último mas não menos importante, saiba em quais locais você poderá conseguir água potável, assim terá uma noção exata da quantidade que você deve carregar antes de partir.
Adorei as dicas, o camping é incrível.