Não é preciso nem aterrissar em Maiorca para saber que a visita valerá a pena. Da janela do avião já dá pra notar que a água do mar é cristalina e que as montanhas e a vegetação são diferentes.
O guia de Maiorca que o colega da poltrona ao lado está lendo já é um sinal de que as duas semanas que vou passar por lá não serão suficientes para conhecer tudo. E pior, que vou querer me mudar pra lá.
Ali, basta um dia para colocar o lugar na lista dos seus favoritos e para saber que é preciso voltar algum dia.
Ao perguntar a um taxista que nos levava pra casa em que estávamos se ele gostava de morar lá e se já tinha vivido em outra cidade, tomei essa: “Pra que sair daqui quando se nasce no lugar mais bonito do mundo?”.
A frase quase arrogante ficou na minha cabeça por um tempo, mas na minha quinta visita, depois de conhecer os lugares mais paradisíacos de Maiorca, começou a fazer sentido.
Mais turistas estrangeiros que o Brasil todo
Quase 10 milhões de turistas estrangeiros escolhem visitar a Ilha de Maiorca todos os anos. A maior das Ilhas Baleares, na Espanha, é, sozinha, responsável por aproximadamente 12% do volume turístico do país inteiro (ao todo, mais de 80 milhões de turistas estiveram em terras espanholas em 2017).
O tamanho de Maiorca nessa escala de importância para o turismo cresce ainda mais quando se comparam os dados da ilha com os do Brasil, que, em 2017, registrou a chegada de 6,5 milhões de turistas estrangeiros.
Maiorca – que só tem um aeroporto – é 26 vezes menor em tamanho do que o estado de Santa Catarina, por exemplo. Seus 3,640 km² de montanhas, praias paradisíacas, estradas tortuosas, cavernas, bares e restaurantes fantásticos estão sempre cheios de alemães e ingleses, além de espanhóis, é claro.
Lá, quase todos os menus estão em três idiomas, para garantir que as nacionalidades acima possam se sentir em casa.
Falando nisso, os alemães e ingleses se sentem tão em casa que existem duas áreas da ilha (Magaluf para os britânicos e Ballermann para os germânicos) em que é possível ter a sensação de que se está fora da Espanha, já que as festas, música e tudo ao redor tem mais a ver com os respectivos países do que com o país em que estamos.
Apesar de pequena, Maiorca possui atrativos ecléticos. As praias bombam no verão, é claro, mas existe um leque muito maior de atrações que garantem “casa cheia” o ano inteiro.
O Viagem 0800 já rodou bastante por lá em cinco visitas e a gente resolveu agrupar o principal do que você já viu em outros posts e outras informações extras neste guia de Maiorca para ajudar na organização da sua viagem para conhecer esse paraíso na Espanha.
Guia de Maiorca: como organizar a viagem e o que não perder
Apesar de pequena, Maiorca possui mais de 50 municípios. Portanto, defina com clareza o que gostaria de visitar antes de ir, já que não vai ser possível conhecer tudo de uma vez só.
As melhores praias de Maiorca
Assim como no caso dos vilarejos, existe um número incontável de praias na ilha, mas pelo menos seis delas valem a pena tentar encaixar já na primeira visita à ilha, se tiver tempo.
Portals Nous: a praia com vista privilegiada
Portals Nous, além de linda, é uma praia que fica próxima de Palma, a capital da ilha, o que a torna uma opção bem conveniente mesmo para os moradores locais irem após o trabalho.
Quem chega de carro precisa estacionar em uma área acima do nível do mar, que desemboca numa igrejinha e depois num mirante para a praia, que fica uns 20 metros abaixo. Para chegar até a praia, é preciso descer alguns bons degraus de escada até a areia.
Portals Vels: a praia em miniatura
Portals Vels lembra a praia acima: tem uma vista muito bonita do alto e também não fica longe do centro da cidade. É basicamente uma miniatura de Portals Nous. Em épocas de calor forte, pode ser mais complicado para escolher um lugar na areia para armar o guarda-sol, mas em épocas mais vazias, pode-se ter a praia só para si.
Cala Clara: a praia de pedra que vale o esforço
Apear de ser uma praia de pedra, a Cala Clara é uma das mais bonitas que conhecemos em Maiorca e fica no caminho para o Cap de Formentor, que é um farol no alto de um penhasco bastante visitado por lá.
A água tem uma transparência ainda maior do que a de outras praias e a paisagem ao redor, com pequenos morros de pedra, é um atrativo a mais.
Cala Varques: a praia escondida no paraíso
Saindo de Palma, dá mais de uma hora de carro, seguido de uma estrada de chão – que precisa ser percorrida a pé – e de uma caminhada de uns 10 minutos dentro de uma mata.
Ao chegar, porém, você esquece de todo o perrengue e se alegra em estar ali, na versão não-oficial do paraíso, a imperdível praia Cala Varques. O lugar reúne várias coisas: uma praia hippie no meio do nada, trilha que desemboca em um arco de pedra sobre a água e uma vegetação cheia, com muito verde, diferente do restante do que se vê na ilha.
Cala Romântica: pra ir à praia como um rei
Na Cala Romântica, você tem até direito à uma tenda com cama de frente pra praia. Sem nem mesmo levantar, você pode admirar o mar, os turistas corajosos saltando de uma pedra alta e uma parede de pedra à direita das tendas, que além de deixar a paisagem mais bonita, ainda garante que as ondas não passem para o lado da Cala Romântica, fazendo do mar um lugar tranquilo para ir com crianças.
Sa Calobra: a praia entre duas fendas gigantes
Essa é a praia que requer a maior disposição do motorista para chegar, pois fica a 1h30 de Palma, o que, para um brasileiro acostumado com as longas distâncias que enfrentamos para viajar, pode não ser muito, mas é de qualquer maneira um dos pontos mais distantes da capital das Ilhas Baleares.
A praia de Sa Calobra fica cravada entre dois penhascos gigantes. Tanto o caminho até lá quanto a vista em si já valem muito a pena. Fique atento, porém, aos horários em que o sol estiver mais forte, pois se perder essa hora, vai tomar sombra na praia.
Portanto, a dica principal é não esquecer o protetor solar.
Maiorca sem praia: o que ver sem sol
Inevitavelmente, você vai querer ou precisar sair da praia por algum momento, né? Por isso, já escrevemos aqui um artigo mais detalhado sobre o que fazer em Maiorca além das praias, seja para quem não é tão fã assim de areia e mar, ou para encontrar o que fazer em um dia de chuva.
No entanto, alguns deles são mais obrigação do que outros, como conhecer a catedral de Palma, a Serra da Tramuntana, uma das cavernas gigantes da ilha e alguma cidade ou vilarejo antigo.
Catedral de Palma: o prédio mais imponente
A catedral de Palma, também conhecida como La Seu, fica no centro de Palma e chama a atenção pelo tamanho – sua nave é maior do que a da igreja de Notre Dame, em Paris, com 44 metros – e também pela arquitetura gótica.
A igreja foi concluída em 1601 e se tornou um dos pontos de referência mais conhecidos da cidade. De lá, é fácil partir para conhecer o restante do centro histórico de Palma.
Serra da Tramuntana: curvas intermináveis e uma paisagem sem igual
Já fizemos a comparação aqui no Viagem 0800, mas ainda não achei melhor maneira de explicar a Serra da Tramuntana: é a versão espanhola da Serra do Rio do Rastro, em Santa Catarina.
Curvas fechadas e intermináveis, vilarejos escondidos pelo caminho e uma vista que recompensa a cada cinco minutos fazem o rolê valer a pena.
Visite uma cueva: escolha pelo menos uma caverna para ver de perto
Duas cavernas da ilha são muito visitadas, a Cuevas de Artá e a Cuevas del Drach. A primeira, tem nada mais nada menos do que uma estalagmite de 25 metros de altura e a saída da caverna dá de cara no azul do mar.
A outra, tem cinco grandes salas recheadas de estalactites e uma piscina natural lá dentro (não dá pra entrar pra banho, mas pode-se pegar um barquinho para sair). O tchan do passeio na Cuevas del Drach é uma apresentação de música clássica dentro da caverna.
Conheça um vilarejo nanico e histórico
Maiorca tem muitos vilarejos pequeníssimos e encantadores. Seria injusto apontar somente uma opção e dizer que tal lugar é mais bonito do que outro. Dentre os que nos encantaram e que podemos afirmar que valem muito a pena, diria que Valdemossa e Pollença são boas escolhas.
Valdemossa fica em um vale próximo de Palma. É um vilarejo pequeno, com cerca de 2 mil moradores apenas. Suas ruas de pedra aglomeram restaurantes, muitos turistas e lojinhas de souvenir que vendem cerâmica. O compositor polonês Frederic Chopin ficou um tempo por lá e se apaixonou pelo lugar.
Já Pollença é uma cidade com atrações religiosas, ruelas minúsculas e uma escadaria infinita. São 365 degraus na Escadaria do Calvário (Sim, você consegue!) que leva a uma igreja, mas o ponto alto da subida é a vista para a cidade.
Assim como Valdemossa, Pollença é um ótimo passeio de um dia saindo de Palma.
Alugue um carro
Para se virar por lá, o melhor é alugar um carro caso você tenha tempo e vontade de sair para conhecer praias fora da cidade de Palma. O transporte coletivo é muito bom em Palma, mas mesmo em algumas áreas mais afastadas, já faz diferença ter um carro. Além do conforto, também economiza tempo.
Existem diversas empresas de aluguel de carro e em todas ela é possível sair dirigindo já do aeroporto. O que fazemos geralmente é comparar preços no site do Rental Cars e alugar na melhor opção de acordo com o que desejamos. Algumas empresas onde já conseguimos preços bem baratos também foram a Record Go e a Ok.
Onde ficar?
Um destino com esse volume todo de turistas está, obviamente, bem equipado em termos de hotel e de apartamentos de férias. Recentemente, no entanto, o governo local impôs multas altíssimas para quem alugasse suas casas por curtos períodos de tempo no Airbnb, por exemplo, como uma tentativa de baixar a inflação nos custos de moradia dos locais. Apesar da medida, ainda é possível encontrar muitas ofertas de apartamentos no site.
Em relação ao local, tudo depende do seu estilo de viagem. Para quem vai dar a volta na ilha, o melhor é se hospedar cada dia em um lugar diferente. Para quem vai ficar mais concentrado na cidade e quiser aproveitar os melhores bares e restaurantes de Palma durante a noite, o segredo é ficar no centro da cidade, mas evitar os lugares mais badalados, para conseguir dormir quando quiser.
Quanto tempo ficar?
Geralmente nos comentários que recebemos no blog as pessoas pedem dicas do que priorizar em 2, 3 ou 4 dias. Se tiver férias suficientes, no entanto, minha recomendação é ficar pelo menos 5 dias em uma primeira visita. Existe muito para ser visto e, com praias assim, com certeza você também vai querer aproveitar o sol e o mar com calma.
Como chegar?
Se a sua viagem começar com outro destino na Europa, existem diversas maneiras de chegar em Maiorca sem gastar muito. Companhias aéreas baratas da Europa como Ryanair a Eurowings voam diariamente de muitos países, como Reino Unido, Espanha, Alemanha, França, Polônia.
Muitos cruzeiros atracam em Maiorca também. Alguns, inclusive, param por um ou dois dias. Se você planeja fazer uma viagem de barco, vale a pena conferir algum cruzeiro que passe pela Espanha e pelas Ilhas Baleares.
Caso você vá direto do Brasil, não tem jeito de chegar direto sem uma conexão em algum hub europeu, como Madri, Paris ou Londres, por exemplo.
E aí, está convencido? Já foi pra Maiorca? Tem alguma dúvida a mais? O que faltou no nosso guia de Maiorca? Deixe seu comentário!
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