O muro de Berlim 25 anos depois da queda

Por Daniel Courtouke

Jornalista formado e jogador de futebol frustrado, Daniel Courtouke dá seus pitacos e dicas no Viagem 0800 sobre as viagens que fez. Como bom pão duro que é, procura sempre mostrar os atalhos mais econômicos das viagens que faz.

berlim vista noturna

Eu já havia nascido há uns meses, ela iria nascer pouco mais de um mês depois. Em 1989, no dia 9 de novembro, o muro de Berlim foi derrubado e as duas Alemanhas davam, então, o passo mais simbólico de sua história rumo à reunificação.

Com as fronteiras abertas, os ‘orientais’ entraram de cabeça num mundo mais moderno e capitalista, em que era possível escolher um produto no supermercado entre diversas marcas, comprar roupas de grifes internacionais e por aí vai.

Agora, 25 anos depois da queda, estivemos em Berlim acompanhando as orgulhosas comemorações dos berlinenses, que tomaram as ruas da cidade para participar de diversas atividades e eventos organizados para a população.

O muro, aquele mesmo que Pedro Bial relatou a queda in loco para todo o Brasil e que tantas vezes ouvimos falar nas aulas de história, esteve novamente de pé.

east side gallery iluminada em foto noturna

Porém, dessa vez era feito de balões iluminados. 8 mil, mais especificamente. Espalhados por todo o caminho da antiga divisa, os balões nos permitiram sentir na pele como era viver em uma cidade rachada ao meio.

Ao todo, o muro tinha 156,4 km de extensão e caminhar por essas ruas e deparar-se com uma sequência de balões que praticamente te dizem: ’25 anos atrás, você não poderia passar paro outro lado’ foi uma sensação bem incômoda.

Mesmo para nós, que vivemos em Berlim por quase dois anos e víamos todos os dias os ladrilhos que dividiam os lados oriental e ocidental pelo chão da cidade, os balões criavam uma situação estranha. É que apenas com marcas no chão, a pessoa acaba passando pelo muro imaginário diariamente e, com o tempo, esquece em que lado estaria se ainda estivéssemos em alguma data anterior a 09 de novembro de 1989.

checkpoint charlie nas comemoracoes dos 25 anos da queda do muro

A iniciativa do projeto Lichtgrenze (Fronteira luminosa, em tradução livre) é do cineasta Marc Bauder e do artista Christopher Bauder e os balões (biodegradáveis, diga-se de passagem) foram soltos um por um pela população. Nada mais justo, afinal foram os próprios berlinenses que derrubaram o muro.

A cerimônia se deu início após um discurso emocionado de Klaus Wowereit, prefeito de Berlim, que exaltou a unificação alemã. Aliás, algo bem marcante durante o final de semana foram os vários alemães (e turistas também) tocados com os vídeos exibidos em telões próximos ao muro, que contavam a história da luta por uma Alemanha de uma só bandeira.

Também estávamos em Berlim em 2011 durante as cerimônias que lembravam os 50 anos da construção repentina do muro. Houve uma comoção popular e foram realizadas muitas atividades para lembrar do ocorrido.

vista para a parte restante do muro de berlim na east side gallery

Dessa vez, no entanto, o clima era mais animado e o ambiente muito mais festivo. As estimativas oficiais apontavam que cerca de 2 milhões de pessoas deveriam chegar à capital alemã para a celebração desta tarde. Uma greve geral dos funcionários da companhia nacional de transporte ferroviário, no entanto, fez o serviço de trens de longa distância praticamente parar até o sábado – o que poderia ter reduzido consideravelmente o número de chegadas. Com o transporte normalizado no domingo, pelo menos as pessoas em cidades mais próximas puderam chegar à estação central, que estava praticamente intransitável uma hora e meia antes do evento.

No momento em que os balões foram soltos, o tempo estava nublado, assim como durante o todo o dia. Assim, a imagem dos balões no céu não durou muito, o que talvez tenha sido a coisa mais certa para representar o momento e simbolizar o fim de um capítulo triste e histórico da Alemanha.

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2 Comentários
  1. Alvisio M Santos

    Parabéns, achei muito importante as dicas pois acredito que vai ajudar muita gente decidir roteiros e viagens.

    Responder
    • Daniel Courtouke

      Valeu, paizão! E eu e a Tati esperamos que ajude a definir o roteiro da viagem de vocês para uma visitinha no ano que vem, em?!

      Responder
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