A Basileia foi o nosso ponto de chegada e de saída na Suíça no nosso rolê de seis dias por lá, mas infelizmente acabamos não dormindo na cidade por conta de uma coincidência que encareceu demais os custos de hotéis: a Basel World, maior feira de relógios e joalheria e que trouxe gente de tudo quanto é lado. Por isso, dissemos “não, obrigado” aos hotéis com diárias a partir de 200 euros e passamos somente um dia por lá na conexão de volta para a Alemanha. Mesmo assim, fizemos um roteiro a pé muito bom e temos boas dicas do que fazer em um dia na Basileia – ou Basel, como a cidade é conhecida em alemão.
A primeira menção escrita da Basileia é do ano 374, mas a cidade já estava ali de pé há um tempo, pois a descrição do historiador romano Ammianus Marcellinus conta a maneira como o imperador romano Valentino I estabeleceu o acampamento de suas tropas em Basilia, o que indicava que já existia um vilarejo por ali.
A localidade onde foi fundada era de fundamental importância, pois com o rio Reno cortando a região, ficava muito mais fácil transportar mercadorias. Lá no século XVI, a cidade prosperava com seda e tinturaria. Hoje, isso evoluiu para a indústria química e farmacêutica.
O que fazer na Basileia (Basel) em um dia
Outro ponto forte da cidade além das indústrias que falei acima são: arte e arquitetura.
Passear pela cidade é se impressionar com prédios modernos e com um design arrojado. Uma ótima maneira de tornar sedes de bancos e outras empresas em algo bonito para quem vê de fora.
A parte artística é evidente do lado de dentro e de fora. Diversos museus atraem visitantes e locais e várias instalações artísticas também podem ser vistas em praças ou do lado de fora de edifícios aleatórios.
A Basileia é considerada a capital da cultura da Suíça e muito dessa veia artística começou lá trás, quando a cidade adquiriu boa fama como um lugar onde se podiam fazer boas cópias.
Na idade média, a invenção da imprensa foi tipo a chegada da internet nas nossas vidas: possibilitou que muito mais gente tivesse acesso à informação. Como muitos intelectuais acabavam indo pra lá para imprimir suas obras, esse caráter mais cultural foi ficando cada vez mais forte. Uma personalidade muito importante que migrou para a Basileia foi Erasmus de Roterdã, que chegou na cidade para preparar edições em Latin e Grego do novo testamento.
Separamos 10 coisas para fazer na cidade, algumas rapidinhas e outras que demandam mais tempo. Um dia pode ser corrido se você quiser levar a viagem de forma mais relaxada, mas isso depende também de querer ou não visitar tudo o que relatamos aqui.
1- Museu de arte (Kunstmuseum) com obras de Pablo Picasso – e doadas pelo próprio!
O Kunstmuseum Basel (Museu de arte) tem uma das coleções mais significantes da obra de Pablo Picasso. E a razão disso vem de uma história curiosa. Em 1967, o colecionador Peter Staechelin estava em dificuldades financeiras e anunciou que planejava vender duas obras que possuía de autoria de Picasso que estavam emprestadas ao museu.
Com medo de que as obras parassem nas mãos de um dono fora da Suíça e de que o museu as perdesse para sempre, alguns amantes de arte na cidade resolveram começar uma campanha gigantesca para ganhar doações, a “All you need is Pablo”. Ao todo, não só conseguiram doações como persuadiram a cidade a arrematar as obras por 8,4 milhões de francos suíços.
E o mais curioso: impressionado com a ação, o próprio Pablo Picasso doou mais 4 obras suas e dedicou aos cidadãos de Basel que lutaram tanto por manter sua obra no Kunstmuseum.
Legal, né?
Além de Picasso, o museu também abriga obras de Cézanne e Van Gogh.
2- Ver a imponente prefeitura vermelha (Rathaus)
O edifício vermelho lembra a Rotes Rathaus em Berlim e é uma construção imponente que faz frente para uma praça da cidade chamada Marktplatz em que rola um mercado de rua a céu aberto em dias de semana.
Com mais de 500 anos, o edifício da prefeitura ainda é a sede oficial onde rolam sessões na câmara dos representantes do Cantão (a divisão política da suíça tem cantões em vez de estados), mas mesmo assim é possível visitar. É bom se informar antes para conferir horários e idiomas dos tours, pois eles variam de acordo com a época do ano.
3- Apreciar a vista da Mittlere Brücke
Hoje a ponte do meio, como seu próprio nome indica, a Mittlere Brücke foi erguida em 1226 e permitiu que a cidade se abrisse para o comércio de longa distância, já que poderia receber muita gente que viria por terra. Foi uma das primeiras pontes a cruzar o rio reno.
O lugar rende boas fotos da cidade e do rio Reno, mas como é uma ponte com aparência mais novinha, não é um ponto tão impressionante visualmente como sua história e nem tão popular como a ponte de Praga, por exemplo.
4- Conferir como é um dos portões de entrada da cidade, o Spalentor
É um dos 3 portões de entrada da cidade que ainda seguem de pé. Antigamente, como muitas cidades europeias, a Basileia era murada e alguns portões permitiam a entrada e saída de pessoas.
O Spalentor é um portão que fica de frente para uma área lindíssima da cidade antiga, que além de render fotos boas, ainda está próxima de várias outras atrações.
A região também tem uma boa oferta de hotéis para quem quiser se hospedar numa área legal.
5- Ver e se perder na cidade antiga, a Altstadt
Caminhar pelas ruas da cidade antiga, a Altstadt, é se deparar com ruelas recheadas de casinhas tradicionais e a garantia de que você vai se perder se não tiver com o GPS ligado.
Ladeiras escondidas levam a igrejas que você não esperava encontrar, ruas vazias de repente se transformam em um calçadão agitado com bares e cafés e a mais pacata das pracinhas pode se transformar em um mercado de rua na hora do almoço ou esquentar as suas noites na época de natal com o tradicional Glühwein (Quentão).
6- Apreciar arte moderna em uma fonte da cidade
Jean Tinguely era um escultor suíço nascido na cidade e que satirizava a produção em massa proporcionada pelo avanço industrial e que deixava de exigir que os trabalhadores pensassem.
Uma de suas obras é a Canival Fountain, instalada em 1977, que ficou mais conhecida como a Fonte de Tinguely. Ali, várias formas de metal interagem com a água de diferentes maneiras e lembram máquinas produzindo algo.
As fontes congelam no inverno e proporcionam uma experiência diferente da que tivemos, quando já estava mais quente. Temos que voltar!
7- Admirar a Baselmünster por dentro e por fora
Em 1424, o Papa Martin V informou a galera da Basileia que a cidade sediaria o conselho ecumênico da igreja católica.
Na época, esse lance era da magnitude de um show de Sandy e Jr. depois de anos sem tocarem juntos: ou seja; iria lotar a cidade.
Os caras, então, correram com as obras porque só tinham sete anos para entregar uma cidade bacana pra geral, incluindo dar uns tratos na Catedral da Basileia – o que você deve imaginar, nos idos de 1400 e lá vai bolinha, devia levar um tempão.
Em 1431 o conselho então se reuniu na Baselmünster pela primeira vez – e repetiu a dose por 18 anos.
Parece que gostaram das reformas, né?
8- Visitar um museu dentro de uma igreja
O museu histórico da Basileia (Basel Historisches Museum) abriga uma coleção gigantesca de artefatos culturais de diferentes épocas da história, como a Renascença, o período barroco e a idade média.
A parte principal do museu fica na Barfüsserkirche, que significa igreja dos pés descalços. É preciso pagar 15 francos para entrar.
9- Comprar chocolates na Läderach (ou em supermercados baratinhos)
Se pegar pelo estereótipo, você voltaria da suíça com um pedaço de queijo, um canivete para corta-lo, um chocolate de sobremesa e ainda com um relógio pra dar de presente pro avô.
Você pode, e deve, comprar os souvenires que quiser, mas a minha recomendação mais forte mesmo é não se esquecer de levar chocolate. E não precisa ser do caro.
Na Läderach você tem as opções gourmets, com direito a caixinha bonitinha e tudo mais, com preços que começam com 8 francos suíços por 100 g. Dói no bolso, eu sei!
Para baratear um pouco, supermercados como o Coop e o Migros aliviam para o bolso e não decepcionam na qualidade. É uma ótima opção para barrinhas tradicionais.
10- Deparar-se com obras e arquitetura moderna no meio da rua
Como falei ali no início do texto, passear na Basileia é interessante pela quantidade de coisas que te chamam a atenção do lado de fora mesmo.
Duas coisas que vimos em dez minutos de caminhada foram o prédio mais novo do banco BIZ, que tem um design invocado idealizado pelo arquiteto Mario Botta e também o Hammering man, que é uma estrutura metálica gigantesca em forma de um homem com um martelo que faz o movimento da martelada constantemente.
Entre essas obras existem várias outras que valem a pena conferir, como o prédio da Novartis e os pavilhões de exposição da feira de Basel.
Em uma próxima viagem, queremos conhecer mais da Basileia e também dos atrativos próximos, como a tríplice fronteira com a França e a Alemanha e cidades montanhosas que ficam pertinho.
E você, já esteve na Suíça? O que mais gostou de lá? Nunca esteve? Qual seria o seu primeiro destino no país?
A nossa viagem de trem entre Alemanha e Suíça e como organizar a sua!
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