Berlim tem 13% do seu tráfego urbano representado por bicicletas, são 500 mil ciclistas pedalando pelos mais de 700 km de ciclovias. Esses dados, combinados com a geografia plana da cidade, convidam qualquer turista a conhecer a capital alemã montado numa magrela,
Como a cidade é repleta de ciclovias, fica fácil passear pelos principais pontos turísticos da cidade de bicicleta, inclusive os lugares mais simbólicos do muro de Berlim, como a Potsdamer Platz, o Portão de Brandemburgo e a Bernauerstrasse.
Antes de iniciar o nosso roteiro, é bom saber como alugar uma bicicleta ou até aqueles patinetes elétricos, né?
Atualmente, a nextbike e o Doney Republic são os principais players no ramo de bike sharing, mas a minha recomendação é sempre conferir se não existe algum novidade no site oficial da cidade, que possui uma área dedicada ao assunto de mobilidade urbana (link em inglês).
Via de regra, alugar uma bicicleta é um processo bem simples: é só baixar o aplicativo, fazer o cadastro e colocar um meio de pagamento e procurar no mapa pelas bicicletas ao redor. Outras opções além das bikes compartilhadas também são:
- Alugar bicicletas dos próprios hotéis ou hostels
- Lojas locais que alugam bicicletas por um preço diário
Roteiro de bicicleta em Berlim: 7 pontos turísticos em 6 km
Fizemos um roteiro bem viável pra quem quiser fazer turismo com aquela pegada local e se misturar com os milhares de habitantes que usam a bicicleta como meio de transporte.
Abaixo, selecionamos 7 pontos turísticos históricos e que ficam relativamente próximos: o trajeto todo totaliza 6 km – menos de meia hora pedalando, segundo o Google Maps, mas aposto que você vai querer parar em cada um deles e gastar uma tarde inteira nesse programa:
- Bernauerstrasse
- Reichstag
- Portão de Brandemburgo
- Tiergarten
- Memorial dos Judeus
- Potsdamer Platz
- Checkpoint Charlie
Se a sua pegada pode ser outra, no entanto, confira aqui o nosso roteiro de um dia na cidade pra fazer a pé ou explorando as linhas de metrô.
Bernauerstraße, um museu a céu aberto
Um atrativo da cidade não tão conhecido da maior parte dos turistas mas que definitivamente vale uma visita é a Bernauerstrasse, uma rua que conta a história do muro de Berlim com uma riqueza de detalhes sem igual. Para chegar até lá saindo da Potsdamer Platz exige um pouco mais de esforço. O trajeto de pouco mais de 4 km, porém, é plano e cruza por vários pontos famosos da cidade, como a Friedrichstrasse e o rio Spree. Nada muito exaustivo.
Nesta rua, o principal monumento consiste em um retângulo murado pelos quatro lados. Um deles é formado por 80 m do Muro de Berlim e os outros três são paredes construídas para impedir que qualquer pessoa veja a área interior.
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O espaço vazio é um trecho remanescente da área proibida, como era conhecido o terreno antigamente. A única maneira de enxergar pra dentro deste retângulo é subindo numa plataforma do Centro de Documentação, situado em frente ao monumento. De lá é possível ter uma visão de toda a área sem vida, onde ninguém pode entrar ou sair.
Estacas de ferro fincadas no chão indicam o local por onde passava o muro. Totens contêm informações, fotos e vídeos sobre o período em que a cidade ficou dividida. Resquícios históricos, como uma das residências que foi demolida, são preservados e apresentados com explicações para os visitantes.
Reichstag, a casa do Parlamento
O Reichstag é uma construção histórica que abriga o Parlamento Alemão e é também um ponto turístico não só para os interessados em política, mas também para s que apreciam uma boa vista.
Apesar de ter sua construção concluída lá atrás, em 1894, o prédio tem um apelo moderno por conta de sua cúpula de vidro semicircular. E esta cúpula é justamente um atrativo turístico da cidade que rende belas fotos e muito conhecimento. Ali, a visita precisa ser agendada com antecedência (link em inglês).
Então é melhor se planejar pra não dar com a cara na porta!
Portão de Brandemburgo, o cartão postal da cidade
O Portão de Brandemburgo ficava exatamente na divisa entre o lado ocidental e oriental da cidade, ficando inacessível tanto para os alemães do lado capitalista como para os do lado socialista. Mas a história do Portão vai muito além do muro.
Construído em 1791, quando a Prússia ainda existia, o Brandenburger Tor (nome em alemão) teve uma peça que foi tomada pelos franceses. A quadriga da vitória, uma escultura verde com quatro cavalos e que fica em cima das pilastras que dão forma ao portão, foi roubada por Napoleão ao vencer os prussianos em uma batalha. Anos depois, os hoje alemães recuperaram a peça.
Para sair de lá e chegar na Potsdamer Platz é bem fácil, são 850 metros entre um ponto e outro e quase todo o trajeto é uma reta.
Tiergarten, o 2° maior parque urbano da Europa
O Tiergarten é um bloco verde no meio da cidade mais populosa da Alemanha. São 210 hectares que costeiam uma penca de atrações turísticas, como o próprio Portão de Brandemburgo, a Coluna da Vitória e o Memorial dos Judeus. O parque é considerado o segundo maior jardim urbano da Europa, somente atrás do também conterrâneo Englischer Garten em Munique, no Sul do país.
O parque é tão grande que uma avenida o corta ao meio: a 17 de junho. Foi ali que em 2008, Barack Obama discursou para milhares de pessoas antes de se tornar presidente dos EUA.
Se você tiver energia o suficiente, vale fazer um desvio na rota para explorar um pouco mais do lugar ou, quem sabe, fazer uma parada estratégica para um piquenique se a viagem ocorrer em uma época mais agradável.
Memorial dos Judeus, uma parada triste porém necessária
Quase grudado no Portão de Brandemburgo e em frente ao Tiergarten, o Memorial aos Judeus Mortos da Europa – que por vezes é citado como Memorial do Holocausto – é um quarteirão gigantesco cuja principal atração são blocos de concreto cinza em formato de retângulo.
Localizado em uma área nobre da cidade, a obra aparentemente simples possui um significado profundo e homenageia os judeus que foram vítimas do holocausto.
Nem todo mundo sabe, mas embaixo do lugar fica uma espécie de exposição, o Ort der Information – Local de Informações, em alemão. Apesar do nome indicar algo simples, eu considero o lugar um como mais um museu da cidade, já que existe uma documentação gigantesca sobre as vítimas e sobre os crimes cometidos à época. A entrada é gratuita.
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Como mencionamos acima, é fácil chegar a todos esses lugares de bicicleta. Todos eles são passeios gratuitos. O único investimento que se tem que fazer é alugar uma bicicleta (o que praticamente se encontra em todo canto) e ter um pouco de fôlego. Boa viagem!
Potsdamer Platz, a praça moderninha da cidade
A Potsdamer é uma atração histórica da cidade, uma das praças mais modernas de Berlim em plena área central. Embaixo do local há a estação de metrô de mesmo nome, mas que ficou conhecida como uma das estações fantasmas da capital durante o período em que o muro esteve de pé. É uma sensação bem estranha imaginar como era viver naquela época.
Por lá, ainda é possível encontrar uma parte do muro- onde vários turistas se aglomeram para tirar fotos.
Aliás, confere aqui no Viagem 0800 o nosso relato sobre a nossa experiência em Berlim na comemoração dos 25 anos da queda do muro!
Porém, depois da queda do muro, a Potsdamer se transformou em um dos lugares mais modernos da cidade, abrigando o Sony Center, que é uma praça coberta por um toldo luminoso e que possui uma série de atrações, como cinema, restaurantes e até o museu da televisão (em que é possível conferir uma estatueta do Oscar de pertinho). E ah, também é a casa da Legoland Berlim!
Checkpoint Charlie, o ponto quente na guerra fria
O Checkpoint Charlie era um dos pontos fronteiriços entre Berlim Ocidental e Berlim Oriental. Depois da queda do muro, o pessoal da cidade resolveu deixar a cabine de controle em pé, o que atrai diversos turistas ávidos por uma foto no local onde diversas pessoas tentaram escapar para o lado ocidental da cidade desde 1961.
Ali do lado também está o Museu Mauer Museum (Museu do Muro, em Português), que conta histórias de pessoas que elaboraram planos mirabolantes para tentar cruzar a então fronteira em busca de uma vida melhor.
Apesar de existirem alguns pontos de passagem de um lado a outro de Berlim, o Checkpoint Charlie é o mais famoso, muito por conta de um momento tenso em 1961, quando – em plena guerra fria – tanques de guerra americanos e soviéticos ficaram frente à frente por 16 horas, no que poderia ser uma escalada nos conflitos caso alguém tomasse a iniciativa de entrar em confronto. O impasse foi resolvido politicamente após conversas entre Washington e Moscou, como mostra esta excelente matéria do The Guardian, em inglês.
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