Viajar para correr. Quem não é apaixonado por esportes talvez ache a combinação um pouco incomum. Afinal, férias são férias e a gente só quer descansar, turistar, comer coisa boa, tomar uma cervejinha e deixar para recuperar os quilinhos a mais depois de voltar pro batente.
Eu sempre quis correr uma prova oficial, mesmo que fosse uma corrida só de 5 km, mas nunca pensei em fazer isso durante uma viagem, justamente porque minha cabeça funciona da mesma maneira descrita acima: férias = descanso + comer pra caramba + passear. E ponto.
Acontece que em outubro de 2015 eu corri minha primeira meia-maratona e adivinha só como foi? Sim, durante uma viagem.
Pra resumir o porquê disso, o causo foi o seguinte: em maio, um dos CEOs do trivago – onde eu a a Tati trabalhamos, foi desafiado a correr a meia-maratona de Palma de Maiorca por uma outra funcionária da empresa.
Em Palma fica um outro escritório da trivago. Aí, ele resolveu esticar o desafio para os primeiros felizardos que comentassem um post dele na intranet da empresa. E eu, cara de pau que sou, resolvi comentar “tô dentro” sem fazer a mínima ideia de que correr 21 km era muito ou pouco.
Haviam condições, é claro. Era preciso treinar e comprovar os treinos regularmente. Baixei o aplicativo Runstastic no meu celular e dá-lhe correr. Bom, assim eu pensava. No primeiro dia de treino, fiz 7 km e fiquei de língua de fora, dolorido por quase uma semana. Se com um terço do percurso eu estava assim, quem é que poderia dizer que eu chegaria na metade.
Enfim, continuei treinando, fazendo exercícios com frequência e não abdiquei do futebol de segunda-feira, que é sagrado. Não corri tanto quanto gostaria até o dia da prova, mas, mesmo assim, cheguei lá sabendo que teria condições de terminar a prova, nem que fosse em 3 horas.
Durante todo o meu treinamento em Dusseldorf, percorri muitos caminhos parecidos, especialmente porque já estava acostumado com as distâncias e também pelo costume. E foi exatamente correr por um lugar desconhecido que me fez mudar de opinião sobre gente que viaja pra correr.
É simplesmente fantástico encontrar algo novo a cada esquina. Na Meia-maratona de Palma, parece que são duas corridas diferentes. Os primeiros 10 km percorrem a orla da cidade, passando pela Marina, com os prédios com enormes varandas de um lado e o mar do outro.
Ao mesmo tempo em que é bonito, esse primeiro pedaço do caminho é também bem cansativo, porque do km 5 até o km 10 acabamos percorrendo o mesmo trajeto, só que em sentido contrário.
Mas depois do km 10, a coisa fica boa. Essa é a parte em que a corrida faz um baita zigue-zague na cidade velha, passando pela catedral, várias igrejinhas e ruelas fininhas. Aí, a cada 200 metros o cenário muda completamente.
Para manter a motivação lá em cima, a organização preparou algumas surpresas. Quando passamos por uma praça, havia uma banda tocando ao vivo de cima de um daqueles ônibus de turismo. Em um outro ponto, havia uma espécie de Olodum tocando tambores num ritmo que até lembrava escola de samba. Naquela hora, lembro que me empolguei com a música e passei umas dez pessoas, que me passaram novamente mais tarde, é claro!
No final das contas, consegui cumprir o desafio e terminei a prova. Fiquei muito feliz por ter feito os 21 km em menos de duas horas, mas minhas pernas não gostaram não e ficaram doendo por toda a semana seguinte.
Como eu sou um novato nesse assunto, fiquei impressionado com várias coisas que talvez sejam senso comum para quem vive isso com mais frequência. Um evento como esse mexe com a cidade.
Eram 9 mil inscritos para correr. Obviamente, muitos deveriam ser moradores de Palma mesmo, mas ainda assim, isso é uma atividade que traz muitos benefícios econômicos para a cidade. Pense só na quantidade de hotéis e restaurantes que se deram bem em um final de semana de baixa temporada só por conta da corrida?
Só de terminar a meia-maratona, já tive uma sensação muito boa e fico só imaginando como uma pessoa deve se sentir ao terminar uma maratona completa. Pra ser sincero, hoje não consigo me imaginar correndo uma maratona, até porque o aspecto psicológico deve estar tão bem treinado como o físico, mas com certeza me animei para repetir a dose dos 21 km. Vamos ver… 🙂
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